Laboratório da Guanabara
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O Laboratório da Guanabara é um grupo de pesquisa que tem como objetivo principal estudar a geografia física, a população e a economia da região da Baía da Guanabara e seu entorno, priorizando a Baixada Fluminense. (insp. Lab Cidade)
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A água é o elemento que conduz a pesquisa, onde entendemos que o território entre a Serra da Estrela e a Guanabara funciona como uma infraestrutura de equilíbrio ecossistêmico estruturado a partir de uma engenharia hídrica. Nuvem, névoa, chuva, rio, mar passam constituir um sistema hídrico responsável pela manutenção da vida nesse território.
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A pesquisa se divide em um estudo geográfico e ecológico da região, antropológico voltado para classes trabalhistas predominantes na Baixada Fluminense, desenvolvimento de tecnologias de adaptação climática e ações artísticas e educativas de aproximação com as comunidades
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Baseado na dissertação “Oito tempos de Pavimentação no Recôncavo da Guanabara”; a dissertação “ Onde a lama é insurreição”; o livro “O rio antes do Rio” e o livro “As águas encantadas da Baía da Guanabara” chegamos a conclusão que as populações negras e pardas eram muito próximas aos sistemas hídricos fluminenses, conheciam rotas, tinham sua cultura e filosofia relacionados à água e habitam esses espaços que foram sendo desidratados pelas políticas de saneamento e urbanização do império e da república
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O rio, o pântano, o mangue passaram a ser considerados territórios insalubres e perigosos. Nesses territórios está a população mais pobre da cidade, majoritariamente negra e parda. Esses espaços passaram a ser as vítimas do progresso de um país liderado pelos descendentes diretos dos colonizadores
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Recuperar a Baía da Guanabara, os mangues, o pântano, os rios não é apenas uma recuperação ambiental, mas uma recuperação cultural e da memória das populações negras e indígenas. É, também, um projeto arqueológico
A arquitetura do caos e do suor é um termo em estado inicial de análise que busca orientar processos construtivos e de intervenção no espaço baseados no princípio do caos e da transpiração.
“A Teoria do Caos desenvolvida pelo meteorologista americano Edward Lorenz que descobriu que fenômenos aparentemente simples têm um comportamento tão caótico quanto a vida. Ele chegou a essa conclusão ao testar um programa de computador que simulava o movimento de massas de ar. Um dia, Lorenz teclou um dos números que alimentava os cálculos da máquina com algumas casas decimais a menos, esperando que o resultado mudasse pouco. Mas alteração insignificante, equivalente ao prego do nosso exemplo, transformou completamente o padrão das massas de ar. Para Lorenz, era como se “o bater das asas de uma borboleta no Brasil causasse, tempos depois, um tornado no Texas”.”
Essa teoria está diretamente ligada à cosmologia de diversos povos originários, por exemplo, que acreditam na agência política de todos os elementos que compõem o universo.
O Suor, a transpiração, a inspiração está relacionada a uma estrutura de comportamento da vida estruturada pelo ciclo hídrico. A arquitetura não pode ignorar a existência da água, mas compreender seus ciclos e se inserir nesse sistema universal de transpiração. Evitar o suor, evitar a água é fugir de um sistema essencial para manutenção da vida no planeta, é ignorar a água como elemento que perpassa corpos, espaços e tempos.
“Olhando as estrelas me atento a importância da água. Parece que água vem do espaço exterior à Terra e que a vida foi trazida por cometas que formaram os oceanos. A lua e as estrelas tem poder sobre as águas dos oceanos e sobre a maior parte do nosso corpo”
Patricio Guzmán em “O botão de pérola”
Inspirado pelos trabalhos do geógrafo Alberto Lamego no território do Recôncavo da Guanabara, propõe-se que as legislações e orientações de construção sejam baseadas em suas características ambientais e não mais em suas características econômicas e administrativas. Partimos do princípio que cada ecossistema possui suas regras e orientações de construção, materialidade, espacialidade e funcionalidade de acordo com a necessidade de cada espaço.
Duas fábricas devem ser construídas de formas diferentes em cada região, assim como as casas, as escolas, todas as edificações. O código de obras não deve se limitar ao lote português e sim ao espaço em todas as suas dimensões.
Ponto
O ponto é a área que estuda o objeto arquitetônico, o dispositivo espacial dividido entre: materialidade, espacialidade e funcionalidade. Nessa seção da pesquisa busca-se o estudo e desenvolvimento de novos materiais construtivos, a experimentação de novas espacialidades alinhadas a dimensões imateriais e a funcionalidade que se restringe a conceder uma função de auxílio e suporte ao equilíbrio do sistema T/terra. Criação de materiais, construção de pavilhões experimentais, novos meios de transporte e construção coletiva. Nesse ponto entram na discussão o Movimento Nacional da Luta pela Moradia e o Projeto Fazendola.
Linha
A linha é o estudo dos sistemas de mobilidade. Nessa seção a pesquisa se debruça sobre rotas e possibilidades de mobilidade como infraestrutura de ativação econômica, social e cultural.
Nesse ponto entram na discussão o Movimento Passe Livre e o sistema de Desenvolvimento Orientado pelo transporte.
Plano
O plano é área de estudo que se volta para o território impactado pela rede formada entre pontos e linhas. Aqui se estuda as redes econômicas, culturais, ambientais e sociais e a influência do ponto e da linha na conformação desses planos.
Nessa seção se desenvolve planos urbanos e se alia a movimentos como o Movimento Sem Terra, Instituto Mirindiba e Movimento de Economia Solidária.
Observatório de Catástrofes Climáticas na Guanabara
A partir de um canal de denúncias disponibilizado para população e outros bancos de dados elabora-se uma cartografia de pontos em estado de alerta que consiste em:
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Pontos de alagamento
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Pontos de deslizamento
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Pontos de desmatamento
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Pontos de contaminação de rios
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lhas de calor
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Ilhas de agrotóxico
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Ilhas de lixo
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Área de qualidade péssima do ar
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Nascentes e pontos de água
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Infraestrutura do petróleo e gás e mineração
Observatório de Amortecedores na Guanabara
Mapear Pontos de Amortecimento dos impactos que são pontos de apoio à população, pontos que oferecem serviços informativos e de auxílio no processo de adaptação. Esses pontos são:
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CIEPS e Colégios Estaduais: com objetivo de retomar o projeto dos CIEPS e fazer desses espaços um ponto integrado às comunidades e que oferece serviços de apoio à população
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Sede de ONGs e Coletivos: Fortalecer espaços que já possuem um histórico de assistência social
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Infraestrutura de Transporte: As infraestruturas de transporte, para além da mobilidade, utilizarem seu potencial de facilidade de acesso para se tornarem pontos de referência para população onde podem haver exposições, eventos informativos, ações de educação e cultura. Além de serem pontos de pressão para implementação do sistema de Tarifa Zero.
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ETEs: As estações de tratamento como espaços integrados à comunidade com objetivo de potencializar a relação desses espaços com a cidade e apresentar à população a importância e necessidade de existência das Estações de Tratamento de Água
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Parques de Proteção Ambiental
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Quilombos
Serviço de Apoio e Adaptação Local (SAAL)
A partir dos mapeamentos feitos, são identificadas áreas de emergência com intervenções prioritárias, são essas intervenções:
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Recuperação da mata ciliar de nascentes e rios
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Projeto de saneamento para desvio de esgoto de rios
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Arborização de áreas urbanas e criação de parques esponja e de controle térmico
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Recuperação de quintais e praças como espaços de produção de alimento e acesso à medicamentos
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Adaptação de residências existentes, tornando-as resilientes e autônomas
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Construção de conjuntos habitacionais resilientes para transferência da população de áreas de risco
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Projeto de Estações de Tratamento e Cooperativas de reciclagem
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Incentivo a construção de um cinturão agroecológico